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Visão Geral Sobre a Síndrome de Asperger
A Síndrome de Asperger (SA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por uma forma idiossincrática de processamento cerebral, que se apresenta sintomaticamente na forma de prejuízos na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades. A SA é considerada uma forma relativamente leve de autismo, se diferenciando do autismo clássico especialmente por não existirem atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento da linguagem e do intelecto.
Apesar de atualmente não ser mais uma categoria distinta de diagnóstico, a Síndrome de Asperger marcou o modo como hoje se entende o autismo.
Tendo existido como critério diagnóstico no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) entre os anos de 1994 e 2013, foi posteriormente integrada ao Transtorno do Espectro do Autismo com o lançamento de uma nova versão, o DSM-5, em 2013.
Desta forma, qualquer pessoa que tenha recebido diagnóstico de Síndrome de Asperger atualmente é considerada como estando dentro do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), sendo considerada comumente como ‘autismo de alto funcionamento’ ou autismo de grau leve.
Indivíduos com Síndrome de Asperger apresentam inteligência preservada ou acima da média em algumas áreas, porém compartilham das mesmas dificuldades nucleares do autismo.
A característica central da Síndrome de Asperger se apresenta na dificuldade com a interação social, seja através de uma inabilidade de se comunicar claramente, de se expressar, ou ler as emoções e intenções dos outros. (GOULD, 2020)
Sintomas da Síndrome de Asperger
Segundo GOULD (2020), os principais sintomas das Síndrome de Asperger em crianças são os seguintes:
- Atrasos na fala, balbucio ou no funcionamento social
- Atrasos no processamento ou aprendizagem
- Contato visual limitado
- Não responde quando seu nome é chamado
- Pouco ou nenhum desejo de interagir
- Baixos níveis de atividade
- Não interage ou retribui sorrisos
- Falta de expressões faciais
- Irritabilidade extrema
- Fixação em certos objetos
Além destes, em idades mais elevadas, a Síndrome de Asperger pode se apresentar através dos seguintes sinais:
- Atraso no desenvolvimento da linguagem
- Apego à rotina
- Falta de habilidades de comunicação recíproca
- Dificuldades de processamento sensorial, incluindo reações sub ou superestimuladas a estímulos sensoriais (sons, cheiros, sabores, texturas, luzes e / ou cores)
- Evitar contato visual
- Dificuldade com a linguagem corporal para frente e para trás, expressões faciais e gestos
- Comportamentos evitativos e falta geral de envolvimento com os outros
- Dificuldade em compreender os sentimentos de outras pessoas (dificuldades com empatia e Teoria da Mente) ou para lidar com emoções (alexitimia)
- Dificuldades com a gestão do tempo (disfunção executiva)
- Repetição persistente de palavras ou frases (ecolalia)
- Resistência e reação a pequenas mudanças na rotina ou ambiente
- Interesses fixos restritos
- Comportamentos repetitivos, como agitar, balançar e girar
Diagnóstico da Síndrome de Asperger
O diagnóstico de uma pessoa que esteja no espectro do autismo é feito, preferencialmente, por equipe multiprofissional através da observação minuciosa dos sintomas clínicos demonstrados ou reportados.
É considerado um diagnóstico difícil, pois as características sintomáticas da Síndrome de Asperger são facilmente confundidas com características de personalidade de um indivíduo ou com reações normais a situações corriqueiras.
Uma das características mais marcantes do autismo é uma tendência à introversão ou timidez, que são traços de personalidade frequentes. Porém na Síndrome de Asperger essas características ocorrem devido ao modo peculiar de funcionamento cerebral destes sujeitos.
Com frequência o diagnóstico ocorre na infância, tendo como marco o início da vida escolar, o que evidencia as suas peculiaridades no tocante à interação social. Entretanto, pode ocorrer que a pessoa chegue até a vida adulta sem receber o devido diagnóstico.
Após a suspeita da presença de Síndrome de Asperger, deve-se procurar um profissional experiente no diagnóstico, podendo ser um psiquiatra, neurologista ou psicólogo.
Tratamento da Síndrome de Asperger
O tratamento é feito, normalmente, através de psicoterapias como treinamento de habilidades sociais, terapia comportamental, treinamento parental, assim como terapias ocupacionais e fonoaudiológicas, dentre outras.
Além disso, apesar da inexistência de medicação específica para tratamento da Síndrome de Asperger ou do Transtorno do Espectro do Autismo, podem ser prescritos medicamentos para auxiliar com dificuldades pontuais que estas pessoas possam enfrentar, como dificuldade de concentração, ansiedade, controle do humor e comportamentos obsessivos-compulsivos.
Considerações sobre a Síndrome de Asperger
A Síndrome de Asperger, ou o Autismo de Alto Funcionamento ou Autismo Leve, são condições incomuns, ocorrendo em uma porcentagem muito pequena da população em geral e são comumente mais diagnosticados em pessoas do sexo masculino.
Adicionalmente, vale ressaltar que é importante buscar o diagnóstico assim que houver a desconfiança da presença de Síndrome de Asperger ou Autismo, pois quanto antes se iniciarem os tratamentos ou a mera tomada de consciência sobre as limitações, melhor poderá ser a qualidade de vida alcançada ao longo do tempo.
É importante salientar que nenhuma forma de autismo é um tipo de retardo mental, sendo que muitos autistas têm inteligência acima da média e alguns foram pessoas notáveis e bem-sucedidas. Historiadores chegaram a sugerir que Einsten e Mozart sofriam de Síndrome de Asperger.
A Síndrome de Asperger ou o Autismo não ditam a habilidade mental, mas torna difícil para as pessoas que possuem esses transtornos se comunicarem ou funcionarem em ambientes sociais ou em situações de grupo.
Se você suspeita que você ou um ente querido tem esse transtorno, esses são apenas alguns dos sinais que você deve prestar atenção. Se a pessoa não receber o diagnóstico adequado poderá não se desenvolver tão bem quanto poderia nos ambientes escolar e profissional.
A maioria das pessoas que são diagnosticadas com Autismo ou Asperger declaram alívio após o diagnóstico, principalmente porque isso explica as dificuldades enfrentadas por eles ao longo de sua história de vida e possibilita receber tratamento para melhorar a sua situação e qualidade de vida em geral.