Você já parou para se perguntar por que recordamos com tanta facilidade alguns momentos marcantes vividos na nossa infância? Ou por que lembramos quase que automaticamente o caminho de volta para casa depois do trabalho?
A psicologia explica que a memória tem a capacidade de permitir o registro, a conservação e a reprodução de informações adquiridas durante nossa vida.
Se o ser humano não tivesse o poder de gravar e evocar as experiências vividas à mente, nós não teríamos história e a nossa existência seria um constante loop.
Mas Afinal, o Que é Memória?
Memória é um processo psicológico cognitivo fundamental para o desenvolvimento do ser humano e pode ser entendida como a capacidade do indivíduo de codificar, armazenar e recuperar informações aprendidas ao longo de experiências vividas.
Assim a memória é um meio pelo qual temos acesso a todas as informações que estão gravadas na nossa mente, de forma consciente e inconsciente.
De acordo com Isquierdo (2011), o acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o que é: um ser único e individual (indivíduo), para o qual não existe outro idêntico.
A memória resulta das conexões sinápticas entre os neurônios e o hipocampo tem um papel fundamental para a sua aquisição e permanência. Ele é necessário para a produção, armazenamento e organização de novas memórias.
Estudos mostram que pessoas que sofrem danos no hipocampo apresentam prejuízos, como o esquecimento dos eventos que aconteceram recentemente.
A memória tem um papel importantíssimo no processo de aprendizagem, uma vez que a utilizamos para a aquisição de novos conhecimentos.
Quando criamos uma ideia e a reforçamos por meio de treino e repetição, isso é um processo de aprendizagem. Nós conseguimos lembrar tudo o que aprendemos, aquilo que não foi aprendido é esquecido e não temos mais acesso.
Além disso, o foco, a atenção e a repetição são habilidades importantes que irão definir como e por quanto tempo uma informação será armazenada.
Podemos destacar ainda o conceito de neuroplasticidade, que está diretamente relacionado com a memória, pois o nosso cérebro tem a capacidade de alterar sua estrutura química e morfológica a partir do momento em que adquirimos conhecimento.
Estágios da Memória
Os psicólogos cognitivos afirmam que para o seu bom funcionamento ela deve passar por estes três estágios:
Codificação
Pode ser entendida como a primeira etapa da formação de uma memória. É quando o cérebro absorve e registra as informações vindas dos estímulos sensoriais, ou seja, é a nossa capacidade de registrar na memória algum evento importante para que possamos acessá-lo posteriormente. O foco é fundamental para que este processo ocorra com mais qualidade, uma vez que selecionamos apenas os estímulos no qual nossa atenção está direcionada. Se o ser humano codificasse todos os estímulos sensoriais, o nosso cérebro ficaria sobrecarregado, mas se não tivéssemos esta habilidade, o cérebro não teria a capacidade de seguir para os dois estágios seguintes.
Armazenamento
Armazenamento é a capacidade de reter informações na memória ao longo do tempo. Assim que a experiência foi codificada, o cérebro pega as informações e as filtra como memória sensorial, de curto e longo prazo. Essas informações ficam “guardadas” até o momento em que a evocamos. O "depósito" da memória é um sistema dinâmico e complexo que muda conforme as nossas experiências.
Recuperação
É a habilidade que temos de acessar as memórias no momento em que precisamos. Neste estágio, o indivíduo extrai as informações armazenadas, ou seja, é o processo de trazer o conhecimento e as experiências de volta à consciência. Outras funções psicológicas importantes, como o pensamento e a linguagem, dependem desta última etapa para funcionarem corretamente.
Tipos de Memória
Quanto à forma de armazenamento e duração, a nossa memória pode ser dividida em sensorial, de curto, e de longo prazo. Agora vamos aprender como funciona cada tipo:
Memória Sensorial
É um tipo de memória onde estão as informações obtidas pelos sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar), elas são armazenadas por um curtíssimo espaço de tempo (menos de 5 segundos), quando a informação é processada ela passa para a memória de curto prazo.
Memória de curto prazo
Este tipo de memória permite um espaço limitado de armazenamento e também retém as informações por um tempo definido. As informações armazenadas são utilizadas necessariamente no momento presente, mas podem se estender para a memória de longo prazo através de técnicas como a repetição. Ela pode se distinguir em memória imediata e memória de trabalho.
A memória imediata tem a duração de um curto período de tempo (aproximadamente 30 segundos), a informação utilizada é descartada logo em seguida. Um exemplo é quando a professora apresenta o aluno novo para a turma.
Na memória de trabalho (também conhecida como memória operacional) a informação fica registrada apenas enquanto ela nos é útil, ou seja, fica armazenada temporariamente durante a realização de uma atividade, e quando realizada, essa informação é descartada. Um exemplo é quando alguém lhe fala o número do celular e você precisa anotar imediatamente, após a anotação você o esquece.
Memória de longo prazo
A memória de longo prazo refere-se à capacidade de reter informações de forma duradoura, ou seja, o nosso aprendizado é armazenado de forma, virtualmente, ilimitada. Nela está todo o nosso conhecimento sobre nós mesmos e sobre o mundo. A memória de longo prazo pode, ainda, ser dividida em memória declarativa (ou explícita) e de memória de procedimento (ou implícita).
A memória declarativa é quando recordamos acontecimentos vivenciados. São os eventos que podem ser lembrados conscientemente e as informações que podem ser acessadas com facilidade. Quanto ao seu nível de informação ela pode ser:
Episódica
É a memória autobiográfica e envolve os acontecimentos da vida de uma pessoa, lembranças, experiências pessoais. Por exemplo, a recordação da festa de 15 anos, o primeiro dia de aula na faculdade.
Semântica
Está relacionada ao conhecimento geral sobre o mundo (ideias, conceitos) e todo o nosso aprendizado, por meio dela é que associamos uma palavra ao seu significado. Quando ouvimos a palavra “computador” nós sabemos a sua forma, sentido e utilidade.
A memória de procedimento, procedural ou não declarativa, é a nossa capacidade de realizarmos uma atividade no “automático”. São as habilidades que adquirimos durante a vida, está relacionada a percepção, motricidade e cognição. Nela o nosso aprendizado é executado automaticamente e é aperfeiçoado por meio da repetição, como por exemplo andar de bicicleta, tocar um instrumento musical ou lavar a louça sem pensar conscientemente no que está fazendo.