Neurodiversidade
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A palavra neurodiversidade resulta da junção entre ‘neurológico’ e ‘diversidade’ e seu conceito refere-se à ideia de que cada cérebro se desenvolve um modo particular e único, experienciando e interagindo com o ambiente de formas naturalmente variadas. Dessas variações decorrem diferentes traços comportamentais e habilidades entre as pessoas.

Embora refira-se à diversidade entre o funcionamento cerebral das pessoas, o termo “neurodivergente” foi inicialmente utilizado para se referir a pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Asperger, sendo posteriormente expandido para incluir TDAH ou demais condições relacionadas ao desenvolvimento cerebral.

Segundo Eveleigh (2020) e Baumer & Frueh (2021) este movimento teve início na década de 90, quando a socióloga Judy Singer cunhou o termo ‘neurodiversidade’ em sua tese sobre grupos online de apoio para pessoas no espectro do autismo.

O objetivo da autora foi o de realçar a necessidade de inclusão das minorias que apresentam desenvolvimento neural atípico, assim como o de buscar promover mais igualdade.

O movimento da neurodiversidade busca trazer à luz a perspectiva de tais diferenças como variações naturais do neurodesenvolvimento, ao invés da crença de que seja algo ruim ou que precise ser curado.

Neste enfoque, seguindo o modelo social de deficiência, as dificuldades enfrentadas pelos indivíduos atípicos, ou neurodivergentes, são decorrentes do modo como a sociedade responde a isso, e não de algo que está errado com tais indivíduos, que são entendidos nessa perspectiva como minorias neurológicas ao invés de deficientes.

Robison (2022) destaca que isso não significa simplesmente negar os déficits ou deficiências, mas de enxergar as pessoas além de seus déficits, ressaltando os seus dons, não suas dificuldades.

Pessoas com condições neurodiversas de fato apresentam características diferentes, que podem se apresentar como desafios. Por outro lado, as características peculiares destes sujeitos podem ser encaradas como pontos fortes também.

Fung (2021) acredita que algumas das características neuridoversas podem, ainda, trazer vantagens competitivas no ambiente de trabalho. E, de acordo com Wu (2019) apud Miyazaki, Rejani & Nogueira (2020), os indivíduos neurodivergentes podem se sair melhor em tarefas que envolvem memória, reconhecimento de padrões e resolução de problemas matemáticos complexos e em áreas que envolvem tecnologia em geral, como inteligência artificial, aprendizagem de máquina e ciência de dados, por exemplo.

Neuro Diferenças

Na perspectiva da neurodiversidade existem dois modos de funcionamento cerebral: neurotípico e neurodivergente.

Neurotípico

É o cérebro considerado “normal”, que ocorre com maior frequência (típico). Refere-se às pessoas cujos cérebros funcionam e processam informações de forma padrão.

Neurodivergente

É o cérebro considerado “anormal”, que ocorre em menor frequência (atípico). Nas pessoas neurodivergentes o funcionamento e processamento cerebral desviam do modo padrão.

O modelo da neurodiversidade também ressalta que as diferenças de tais indivíduos devem ser abraçadas e aceitas socialmente, ao invés de se buscar “curá-las” ou "normatizá-las", como tem ocorrido através do uso de treinos e modificações comportamentais, comumente empregados com crianças autistas (RESNICK, 2022).

Além disso, a compreensão dos modos diversos de funcionamento cerebral ilustra como cada um é um ser diferente e que se deve respeitar e conviver com tais diferenças, buscando um afastamento da ideia de ‘certo’ e ‘errado’, passando a encarar tais aspectos simplesmente como ‘diferenças’.

Referências

BAUMER, N.; FRUEH, J. What is Neurodiversity. Harvard Health Publishing. 2021 Disponível em: https://www.health.harvard.edu/blog/what-is-neurodiversity-202111232645

EVELEIGH, A. The Origins and Evolution of Neurodiversity. Neurodiversity Media. 2019. Disponível em: https://www.neurodiversitymedia.com/resource-library/the-origins-and-evolution-of-neurodiversity

FUNG, L. Neurodiversity and Opportunities in Psychiatry. Psychiatric News, Volume 57, Issue 8. 01 ago. 2021. Disponível em https://doi.org/10.1176/appi.pn.2022.1.28

MIYAZAKI, F. R.; NOGUEIRA, R. M.; VARGAS, Débora B. E. Neurodiversidade: Por que ainda desperdiçamos talentos? . VII Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho-EnGPR 2020. 2020. ISSN 2177-2614.

Neurodiversity. Psychology Today. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/intl/basics/neurodiversity

RESNICK, A. Wha tis Neurodiveristy. VeryWell Mind. 2022. Disponível em: https://www.verywellmind.com/what-is-neurodiversity-5193463

ROBISON, J. E. How Neurodiversity Has Changed. Psychology Today. 2022. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/intl/blog/my-life-aspergers/202208/how-neurodiversity-has-changed

ROBISON, J. E. What Is Neurodiversity?. Psychology Today. 2013. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/intl/blog/my-life-aspergers/201310/what-is-neurodiversity